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  Psicóloga | Mariana Grau Jamardo
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Reflexões sobre a imigração e dinâmicas de poder

7/20/2024

 
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Foto tirada pela autora na Praia de Sibbarp, em Malmö
​Quando me mudei para a Suécia, escutei que deveria ser grata pela oportunidade de deixar o Brasil devido aos problemas políticos. Essa experiência me fez refletir sobre a dinâmica de poder implícita na imigração, e gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre o tema.

Contexto Histórico e Econômico:

A riqueza da Europa e seu avanço tecnológico e social foram viabilizados em grande parte pela exploração de colônias, e o modelo colonialista ainda se reflete na forma como as dinâmicas sociais são instauradas. Grande parte da riqueza europeia veio do ouro e da exploração mineral da América do Sul e da África. O modelo escravagista acabou, mas a dinâmica de explorar mão de obra barata de países de “terceiro mundo” ainda é real, e é o que viabiliza grande parte do lucro de multinacionais, que escolhem abrir suas fábricas em países com menos proteção trabalhista e menor custo de mão de obra.

Na clínica discutir o horizonte histórico no qual estamos inseridos como sujeitos, e como o fato de sermos ‘jogados’ em um mundo com esses paradigmas pré-determinados se torna uma variável relevante na constituição da nossa personalidade e auto-percepção.

Dinâmicas de Poder e Sentimento de Inferioridade

Existe uma dinâmica de poder pré-instalado em nossa mente. Sentir-se inferior quando escutamos comentários desse tipo é muito comum, pelo que tenho observado na minha experiência e nos relatos clínicos. Muitas pessoas reportam medo de dizer de onde são e, com isso, sofrer rejeição e preconceito. Esse sentimento é válido e real. De fato, existe muito preconceito e ignorância, e infelizmente não podemos mudar o outro imediatamente, apenas filtrar melhor o que internalizamos e a forma como absorvemos esses comentários, para que isso não mine ainda mais nossa autoconfiança e prejudique o processo de adaptação a uma nova cultura.


Lidar com o Preconceito e a Rejeição

Em termos práticos, o colonialismo e o preconceito não deveriam existir, assim como a desigualdade entre países e guerras, que levam ao abismo de diferenças econômicas e à busca por segurança e melhores condições de vida que levam as pessoas a mudarem de país em muitos casos. O processo de conscientização é demorado e requer muita energia para mudar a perspectiva das pessoas ao nosso redor, além de não ser nossa responsabilidade educar outras pessoas sobre a realidade brasileira. Mas a dor da rejeição e do julgamento são sentimentos que precisam ser gerenciados da melhor forma possível.


Para lidar com essas situações, é recomendável: 


  • Pergunte o que a pessoa quis dizer: Pedir esclarecimentos pode constranger aqueles que fizeram comentários preconceituosos de propósito. Além disso, permite entender melhor se o comentário foi mal interpretado ou se não teve a intenção de ofender.

  • Assumir boas intenções nas perguntas e comentários: Embora o preconceito seja real e algumas pessoas possam ofender intencionalmente, muitas vezes as pessoas estão apenas tentando entender melhor sua realidade ou reproduzindo o que ouviram. Presumir boas intenções, mesmo quando as intenções não são claras, pode reduzir o sofrimento e permitir uma vida mais aberta a novas oportunidades. Nunca temos como ter certeza absoluta da intenção do outro, mas se o padrão voltar a se repetir, fica mais explícito que é preconceito e não apenas desinformação ou falta de sensibilidade sobre o tópico.

  • Não internalizar os comentários negativos: Entenda que nem todos têm o mesmo entendimento e background. Esses comentários muitas vezes refletem mais sobre quem os faz e suas visões limitadas do que sobre você.

  • Fortalecer a autoconfiança: Reconheça suas conquistas, sua história e o valor que você traz, independentemente do contexto ou do país de origem.

  • Terapia: Discutir na terapia como essas situações te afetam e trabalhar ao longo das sessões o impacto que isso pode ter no dia a dia e nas relações sociais.

 Com esses pontos em mente, podemos enfrentar melhor os desafios de viver em um novo país, fortalecendo nossa identidade e autoestima enquanto navegamos por essas complexas dinâmicas sociais.
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